Quando estou de férias, às vezes (não é sempre) tenho a sensação de estar a perder qualquer coisa (o que, estou seguro, acontece porque a vida das organizações não pára para descanso). Até as rotinas de acordar cedo, despachar-me (duche, barba, pequeno almoço em pé com a TV da cozinha ligada,...) com o "piloto automático" ligado, ouvir as notícias na rádio a caminho do trabalho, ..., me fazem falta. Tenho a percepção que não sou caso único e que somos muitos milhões, os que tiramos gozo do trabalho. Sentir-me útil e poder ganhar tostões para a papa da minha filha é um privilégio.
Enquanto escrevo este registo, viajo no comboio das 06:10 de Lisboa - Porto, com sono. O comboio tem muita pinta, já tomei o pequeno-almoço, e agora vejo o "Só Visto" na televisão, o comboio circula a 176 km/h (mostra o painel electrónico) e espero chegar cedo ao destino. Quando vier o TGV, não sei se os ganhos de tempo e conforto poderão justificar, em relação ao comboio actual, que o custo da viajem passe para o dobro.
O comboio em que viajo, comentava à pouco no bar o Sr. revisor, tem as carruagens quase vazias de passageiros. Em Agosto o país fica a meio gás, mas quem é que não gosta de férias.